em desenvolvimento - em pensamento - sob suspeita
passado - presente - futuro
Amigo Leal
Livro Urbano - Crônicas do Pixo
Secretaria de um Estado de Contracultura
Cinema é Sonho
As Fábulas da Minha Vó
Cinema de Ator
Minha Mãe Inventada
Quando a luz do céu, do sol, e das estrelas, não mais nos traz até nós
Hotel Hollywood
Cinema à Deriva
Livros de Família
Planeta Luna
Planeta Luz - Memórias, Sonhos e Refeições
E o Gigante Adormeceu
Fala Cratera
Amazônia Secreta
A Dose Exata
Nas Bordas da Boca
Cinema de Rua
Boca Adentro
EuGato, Griô Tropical
Por um Punhado de Boleros
Hotel Hollywood
Com a decadência do centro da cidade de São Paulo e da Boca do Lixo, antigo reduto do cinema paulista, alguns hotéis próximos à Estação da Luz foram falindo, sendo abandonados. MATILDA, 50, uma mulher de negócios, de visão empresarial, comprou e reformou há 10 anos a velha pensão Três Irmãos e a transformou no “glamuroso” Hotel Hollywood. Tem placa de néon na fachada, tem luzinhas, tem redcarpet, tem enormes cartazes no hall. Tem de tudo que lembra cinema! Para lá Matilda transferiu seu negócio: uma agência especializada em covers chamada Vida de Artista.
Amigo Leal
Papo legal, leal, uma celebração da arte, do encontro, da comunhão dos afetos, conduzido por Nuno Leal Maia. Programa de TV com os que estão fora das telinhas e aqueles que foram engolidos por ela.
Cinema é Sonho
Expedycto Lyma é o brasileiro, o caipira que vai além de suas fronteiras geográficas e culturais. Munido da criatividade sem limites da tradição oral de seu povo e da perseverança do homem simples, ele logo cedo se transforma no artesão do imaginário caipira, no menestrel da gente da roça. Segue assim, com seu circo-teatro a encantar as praças do interior de São Paulo. Convoca pelas ruas das cidadezinhas, o respeitável público de crianças e adultos, que comparece maravilhado com sua dramaturgia. Nas matinês e nas noites derrama causos de amor e traição, de felicidade e tristeza, de mocinho e bandido. Na mais fiel tradição do circo-teatro contracena com a mulher, com as filhas, o filho e parentes. E então conhece, pelas mãos do amigo, a câmera de filme que pouco a pouco lhe toma o coração sonhador. Faz filmes de heróis a cavalo nos moldes do faroeste americano nos quais, porém, estabelece a cara de um cinema muito brasileiro, pobre nos recursos e riquíssimo na fantasia da narrativa, na coragem da ousadia. Expedycto Lyma é um exemplo forte do cinema brasileiro que precisa ser conhecido. Nossa cultura está lá, temos que incorporá-la. Por nós e pelos que virão e que em Expedycto podem ter o exemplo para se guiar.
www.cinemaesonho.com.br - @cinemaesonho
Livro Urbano - Crônicas do Pixo
Dez crônicas em primeira pessoa de dez pixadores nas suas caligrafias. São artistas de distintas gerações, de diferentes visões de mundo e pluralidade de abordagens estéticas, sociais e políticas.
“Nesse exato momento muitos pixadores estão nascendo, sina traçada, ainda sem saber se gente ou urbanoide. É circunstancial e sintomático por referência cultural, por contingência social, por razões antropológicas. Somos a tribo dos escribas underground, predominantes e crescentes na bolsa amniótica das periferias.” Cripta Djan
Quando a luz do céu, do sol, e das estrelas, não mais nos traz até nós
Experimentação audiovisual, do texto-documento A Peste (1947), de Albert Camus, que toma como ponto de partida as próprias vivências dos realizadores, a partir dos registros em vídeo dos seis artistas reunidos em encontros semanais, ao longo de mais de um ano. Pouco a pouco, os seus artistas experimentam atravessamentos entre suas vivências e as figuras que povoam o romance, que apontam sentimentos e possibilidades existenciais postas numa situação de epidemia.
"INT. DIA - SUPERMERCADO - Planos filmados a partir do celular de VANDERLEI, 50, dentro do mercado. Ele derruba um vidro de molho de tomate. Suspira e se ajoelha junto ao molho derramado. Olha para câmera.
(OFF - A PESTE) Frequentemente, ocorrem cenas devidas apenas ao mal humor, que se torna crônico… Muitos moralistas novos da nossa cidade diziam então que nada servia para nada e que era preciso cair de joelhos. Ah, se fosse um terremoto? Uma boa sacudidela, e não se fala mais nisso... Contam-se os mortos, os vivos, e pronto. Mas essa porcaria de doença? Até os que não a apanham, parecem trazê-la no coração”.
Cinema à Deriva
Fala, Cratera
"Seguem o Fantasma até o apartamento onde ele mora com a mãe que não percebe a sua chegada. Passam o fim de semana trancados trabalhando nas novas plataformas do Fala Cratera. A partir daí todo dia novas histórias saem de dentro do buraco do metrô. Rapidamente a Realidade Cratera tem mais habitantes que a realidade São Paulo. Moeda nova, leis novas, língua nova, escrita nova. Escola pela rede, professores ensinam tudo o que sabem pra uma galera imensa que quer saber tudo! Toda noite, a noite inteira. As pichações são o novo jornal da Realidade Cratera. Lá pode, tudo pode."
A Dose Exata
"CHICO - A senhora coleciona venenos?
ANA - Não. Eu tomo venenos. Desde os 17 anos, quase diariamente, uma gota.
CHICO - Estou impressionado!
ANA - Não creio! Consegui impressioná-lo. Você que parecia tão impenetrável! Um cão de guarda. Quer dizer que você se impressionou?
CHICO - Qualquer pessoa normal se impressionaria, a senhora não acha? Alguém que diariamente se envenena.
ANA - Eu não me enveneno. Eu tomo gotas de veneno que me fortalecem. Você nunca ouviu falar nisso? Pequenas doses que preparam o organismo para suportar as grandes doses que seriam fatais. O que não quer dizer que eu venha a tomar tanto arsênico que me seja fatal.
CHICO - E então por quê?
ANA - Por que há certas coisas, certas pessoas, certas situações que são idênticas a doses fatais de veneno."
Cinema de Rua
Projeto que investiga a relação dos cinemas de rua com a cultura cinematográfica e sua intersecção com o espaço urbano.
LIVROS DE FAMÍLIA
Minha Mãe Inventada
"A mulher idosa e bonita, entra com um sorriso amável, olhos muito azuis, aperta minha mão gelada, diz meu nome duas vezes, mas não diz o seu, senta numa das poltronas de couro comido, faz sinal para que eu sente e me pergunta o que sei da minha família há tempo desaparecida. Digo que saber, sei pouco, tenho algumas certezas não muito definidas. Então não são certezas, ela sorri amável. São, minha senhora, respondo firme, afinal não faz nenhum sentido começar aquela conversa desclassificando minhas poucas garantias.
Desde que me lembro, vivo dessas garantias ambíguas que me empurram para frente em dias bons e para os lados no restante do tempo. Quando o acaso derruba uma delas, sou atirada com toda a força para trás, para longe de volta ao melancólico pântano das minhas memórias."
Luna Alkalay
As Fábulas da Minha Vó
Ao apresentar As Fábulas da Minha Vó, prosseguimos com nossa proposta de resgate de Livros de Família dando voz a escritos esquecidos em inúmeras gavetas em inúmeros abandonos. Escritos singelos e sinceros nos possibilitam a aproximação com nossa própria formação e com o percurso que essas mulheres foram capazes de expressar. Lisa Abramovictz, para nossa surpresa, optou por criar uma ficção repleta de humanismo na qual ela reflete a eterna opressão vivida pelas comunidades judaicas ao longo da história. Ao localizar seu romance na Sevilha medieval, Lisa Abramovictz fala forte e alto dos perigos, desafios, medos que ela, sua família assim como tantas outras tiveram que enfrentar nas diásporas que até hoje afligem imigrantes obrigados a abandonar seus locais de origem. Lisa e tantas outras autoras à espera desse resgate têm o que dizer e merecem ser ouvidas em tempos difíceis como estes em que nos encontramos.
Felipe Abramovictz
Cinema de Rua
Projeto que investiga a relação dos cinemas de rua com a cultura cinematográfica e sua intersecção com o espaço urbano.
LIVROS DE FAMÍLIA
Minha Mãe Inventada
"A mulher idosa e bonita, entra com um sorriso amável, olhos muito azuis, aperta minha mão gelada, diz meu nome duas vezes, mas não diz o seu, senta numa das poltronas de couro comido, faz sinal para que eu sente e me pergunta o que sei da minha família há tempo desaparecida. Digo que saber, sei pouco, tenho algumas certezas não muito definidas. Então não são certezas, ela sorri amável. São, minha senhora, respondo firme, afinal não faz nenhum sentido começar aquela conversa desclassificando minhas poucas garantias.
Desde que me lembro, vivo dessas garantias ambíguas que me empurram para frente em dias bons e para os lados no restante do tempo. Quando o acaso derruba uma delas, sou atirada com toda a força para trás, para longe de volta ao melancólico pântano das minhas memórias."
Luna Alkalay
As Fábulas da Minha Vó
Ao apresentar “As Fábulas da Minha Vó”, prosseguimos com nossa proposta de resgate de Livros de Família dando voz a escritos esquecidos em inúmeras gavetas em inúmeros abandonos. Escritos singelos e sinceros nos possibilitam a aproximação com nossa própria formação e com o percurso que essas mulheres foram capazes de expressar. Lisa Abramovictz, para nossa surpresa, optou por criar uma ficção repleta de humanismo na qual ela reflete a eterna opressão vivida pelas comunidades judaicas ao longo da história. Ao localizar seu romance na Sevilha medieval, Lisa Abramovictz fala forte e alto dos perigos, desafios, medos que ela, sua família assim como tantas outras tiveram que enfrentar nas diásporas que até hoje afligem imigrantes obrigados a abandonar seus locais de origem. Lisa e tantas outras autoras à espera desse resgate têm o que dizer e merecem ser ouvidas em tempos difíceis como estes em que nos encontramos.
Felipe Abramovictz
Amazônia Secreta
Uma série para TV pra que o público infanto-juvenil conheça os povos indígenas, seus mitos, seu respeito com os animais, ciclos e movimentos da floresta.
A trama: nossos heróis-meninos tomam contato com a terrível realidade predadora e assassina do desmatamento bandido, ao mesmo tempo em quase integram à possibilidade de uma Amazônia que, viva e preservada, continue a permitir a vida na Terra.
Cinema de Ator
Tá certo que são os diretores dos filmes que têm a parte mais significativa.
Tá certo que são os produtores que têm a parte mais difícil.
Tá certo que os fotógrafos têm a parte mais delicada, lidam com a luz e as sombras.
Tá certo que os roteiristas inventam e reinventam a vida das personagens.
Tá certo que a equipe técnica carrega as filmagens nas costas, nos carrinhos, nas rodinhas. Tudo muito bom, muito importante.
Mas a cara das personagens quem dá são as atrizes e os atores, com seus rostos, corpos, tristezas, medos, esperanças. É com eles que entramos nas narrativas, subimos escadas cheias de suspense, atravessamos becos escuros e desertos. Torcemos, odiamos.
O projeto Cinema de Ator, composto por um livro e documentário, é uma homenagem aos atores e atrizes do nosso cinema, parte fundamental da construção da atividade cinematográfica brasileira.
Planeta Luz – Memórias, sonhos e refeições
“SEQ. 13 INT / DIA - Ana entra no restaurante judaico. (música para). Boris vem recebê-la felicíssimo. Cinco mesas estão ocupadas. Duas velhas senhoras, duas jovens, o Fishcal, um senhor de meia idade e dois velhos quase centenários, tomam as sopas, comem os pepinos, varennikes, kashe, gefilte fish. Barulhos que aspiram as colheres, mastigam o pão, arrotam o alho, cospem o que podem. Boris, volta para detrás do balcão de onde grita os pedidos para o cozinheiro nordestino. Em iídiche! Chiquinho imediatamente atende. Os dois sorriem para Ana tirando sarro da sua cara de espanto. Boris a apresenta ao Chico e à VANDA, a garçonete grávida de oito meses.
CHICO - Vus machtê? (como vai?)
ANA - Azôi, azôi (assim, assim),
Ana responde abanando a mão num gesto típico judaico, entrando na brincadeira
BORIS (chamando Ana) - Tenho surpresa para você. Olha isso! Você non conhece!!
Ele vai até uma prateleira e liga o equipamento de som. A música invade: Aquarela do Brasil (por Ray Conniff ou orquestra semelhante.
BORIS (emocionado) - A música que sua mãe mais gostou.
Ana olha em volta o restaurante simples, umas 20 mesas com toalhas de plástico, ladrilhos brancos nas paredes, uma lousa com o cardápio e os preços escritos a giz, uns cartazes de antigas troupes de teatro iídiche, um anúncio de vodka polonesa. Um balcão refrigerado de metal meio amassado, com salames, pastas, arenques defumados... O tampo de mármore antigo... Sobre o balcão uma caixa registradora moderninha, caixas com frutas secas: damascos, ameixas, uva passa. Pães, tortas de maçã, de queijo, de nozes. Atrás dele uma prateleira de vidro com bebidas, latinhas de importados, doces.”
Amazônia Secreta
Uma série para TV pra que o público infanto-juvenil conheça os povos indígenas, seus mitos, seu respeito com os animais, ciclos e movimentos da floresta.
A trama: nossos heróis-meninos tomam contato com a terrível realidade predadora e assassina do desmatamento bandido, ao mesmo tempo em que quase integram à possibilidade de uma Amazônia que, viva e preservada, continue a permitir a vida na Terra.
Cinema de Ator
Tá certo que são os diretores dos filmes que têm a parte mais significativa.
Tá certo que são os produtores que têm a parte mais difícil.
Tá certo que os fotógrafos têm a parte mais delicada, lidam com a luz e as sombras.
Tá certo que os roteiristas inventam e reinventam a vida das personagens.
Tá certo que a equipe técnica carrega as filmagens nas costas, nos carrinhos, nas rodinhas. Tudo muito bom, muito importante.
Mas a cara das personagens quem dá são as atrizes e os atores, com seus rostos, corpos, tristezas, medos, esperanças. É com eles que entramos nas narrativas, subimos escadas cheias de suspense, atravessamos becos escuros e desertos. Torcemos, odiamos.
O projeto Cinema de Ator, composto por livro e documentário, é uma homenagem aos atores e atrizes do nosso cinema, parte fundamental da construção da atividade cinematográfica brasileira.
Planeta Luz – Memórias, sonhos e refeições
“SEQ. 13 INT / DIA - Ana entra no restaurante judaico. (música para). Boris vem recebê-la felicíssimo. Cinco mesas estão ocupadas. Duas velhas senhoras, duas jovens, o Fishcal, um senhor de meia idade e dois velhos quase centenários, tomam as sopas, comem os pepinos, varennikes, kashe, gefilte fish. Barulhos que aspiram as colheres, mastigam o pão, arrotam o alho, cospem o que podem. Boris, volta para detrás do balcão de onde grita os pedidos para o cozinheiro nordestino. Em iídiche! Chiquinho imediatamente atende. Os dois sorriem para Ana tirando sarro da sua cara de espanto. Boris a apresenta ao Chico e à Vanda, a garçonete grávida de oito meses.
CHICO - Vus machtê? (como vai?)
ANA - Azôi, azôi (assim, assim)
Ana responde abanando a mão num gesto típico judaico, entrando na brincadeira
BORIS (chamando Ana) - Tenho surpresa para você. Olha isso! Você non conhece!!
Ele vai até uma prateleira e liga o equipamento de som. A música invade: Aquarela do Brasil (por Ray Conniff ou orquestra semelhante).
BORIS (emocionado) - A música que sua mãe mais gostou.
Ana olha em volta o restaurante simples, umas 20 mesas com toalhas de plástico, ladrilhos brancos nas paredes, uma lousa com o cardápio e os preços escritos a giz, uns cartazes de antigas troupes de teatro iídiche, um anúncio de vodka polonesa. Um balcão refrigerado de metal meio amassado, com salames, pastas, arenques defumados... O tampo de mármore antigo... Sobre o balcão uma caixa registradora moderninha, caixas com frutas secas: damascos, ameixas, uva passa. Pães, tortas de maçã, de queijo, de nozes. Atrás dele uma prateleira de vidro com bebidas, latinhas de importados, doces.”
Planeta Luna
“Sou de família judaica e minha mãe pedia pelo amor de Deus ‘- Nos van a expulsar de Brasil!’. O medo dela só era ser expulsa. Imagina: Aloysio e eu levamos o Luiz Carlos Prestes para fora do país! Então, você imagina a loucura que era! Havia um corte, uma divisão. E isso refletia no cinema. Não só no nosso cinema. O gosto pelo cinema cubano... Quando eu casei com o Aloysio, nossa lua de mel foi em Montevidéu. Mas fomos só para encontrar com os Tupamaros, a gente não estava nem aí para a lua de mel.
Fomos encontrar os Tupamaros em um bunker dentro de uma joalheria! A gente tinha que entrar bem vestido e aí tinha uma porta bem escondida, descíamos a escada... e pronto. Tinha até projeção de filmes! Vimos Santiago Álvarez, os cubanos... O cinema ligado à prática política. Depois, eu saio disso – por vários motivos – e vou para o Cinema Marginal. Porque também era uma prática política, do mesmo jeito. Mas os dois não se bicam. E eu fico no meio, assim como o Cristais de Sangue fica no meio. Cristais de Sangue é Canudos, sebastianismo, coronéis, religiosidade, o boi descarnado, a santinha do pau oco! Imediatamente, quando em 1930 - mais ou menos -, as pessoas acharam os diamantes, os coronéis apareceram. Os coronéis escravizavam, os coronéis matavam. E enriqueceram. Eles que dividiam a terra. Mas no meio disso tinha uma coisa incrível: o chão era de diamantes. Quando eles matavam as galinhas, a primeira coisa que eles abriam era a moela. Porque dentro da moela tinha diamante.”
E o Gigante Adormeceu
E o Gigante Adormeceu... é a estória de imigrantes de muitos lugares do mundo, que julgaram ter encontrado o paraíso depois da destruição da Europa, das guerras.
Para cá vieram, descansaram, trabalharam, progrediram e quando pensavam que a vida de seus filhos estava segura, eles começaram a desaparecer a partir do golpe de 1964 e da instalação da ditadura.
É através dos depoimentos que vão do otimismo à tragédia, das situações vividas e discutidas por essas pessoas que, num período de dez anos de 1958 a 1968, testemunham incrédulas a instalação de mais uma terrível ditadura, que contaremos esses dois momentos decisivos da história recente do Brasil.
Da placidez e esperança jovial do final dos anos 50.
Nas Bordas da Boca – Agenor Alves, a luta livre de um cineasta
Nos beiradões da Boca, a história de um cineasta que fez cinema com justiça e da justiça seu cinema. Um cineasta dos ringues, dos dramas policiais, dos filmes de aventura, da ação e reação. Blaxploitation ou a genealogia da moral? No coração a Bahia, nas mãos as fazendas de café do norte do Paraná, no oficio os ringues e, na rural willys da polícia bancária, um sonhador do cinema. Herói e vilão de um cinema de luta, das trucagens, dos programas policialescos e dos desejos de liberdade. Do sexo, da vida, da violência, da paixão fugaz. Dublê de histórias, de corpos, de ideias. Astron Filmes do Brasil, A Volta de Agenor Anjo 45 no Sertão dos Homens Sem Lei, Tataraneto de Zumbi.
Boca Adentro
Nosso documentário trata de um assunto muito explorado: o sexo que, embora seja a atividade mais presente na vida das pessoas, ainda está longe de ser tratado com naturalidade. As fantasias, a prostituição, as escolhas dos parceiros, a arte erótica, a pornografia, são desejadas pelos indivíduos, mas toleradas longe da visão cheia de hipocrisia das sociedades bem comportadas. Na maioria das vezes o sexo é oculto, proibido, julgado pecaminoso, sujo. Na maioria das vezes é praticado às escondidas, sujeito a convenções, a regras, limites. Frequentemente é uma forma de exploração, opressão, domínio. Mesmo depois de tantos relatos, tanta repressão, da Psicanálise, da pílula, a sexualidade humana continua carregada de estigmas e preconceitos friccionando todo tipo de problema psíquico, emocional. Afinal por que tanta complicação? Propomos uma reflexão a partir de conversas com pessoas que estudam, praticam, sofrem, trabalham com a sexualidade. Ir além das análises sociológicas, numa abordagem do prazer, da dor, da linguagem, da língua. As múltiplas formas de experimentação do prazer e suas poéticas. Uma conversa da boca para dentro. Histórias de amor, paixões, ilusões, fantasias, frustrações e alguma fricção, cientifica ou não. Obviamente não temos nenhuma pretensão de esgotar o assunto. Só queremos perguntar: como vai sua sexualidade?
EuGato, Griô Tropical
Cinevivência do Brasil Pandeiro. Swing tropical. Um filme no olho da história, por dentro dos olhos de Gato, dos ensinamentos de Eufrásio/griot e do swing dos Novos Velhos Baianos. Por dentro dos mistérios do planeta, curtição e luta. Nas palavras de Augusto de Campos, ‘o som da cor do gato Félix”. De Feira de Santana para as ondas de Itapuã, a descoberta da contracultura. Uma Salvador dos anos de chumbo, espaço de invenção. Lia Robatto, Tuzé de Abreu, Alvinho Guimarães, André Luiz Oliveira, cidade em chamas. Resistências: fugas da polícia pelas janelas da UFBA, da coxia ao centro do palco. A descoberta da dança, e dos movimentos estudantis. Fricção e ficção, do corredor da Vitória ao Porto da Barra com qualquer dois mil réis. O teatro dá seu recado, enquanto na música emerge uma nova geração de cantautores. De Caveira My Friend e Meteorango Kid, o cinema marginal. A formação dos novos baianos, das telas de cinema para os campinhos de futebol. Galvão, Paulinho, Baby, Pepeu, Moraes, Charles, Bola, Baixinho... Novos Baianos Futebol Clube no céu azul, azul fumaça. E mais: o retorno de Glauber, o encontro com Antônio das Mortes, o exílio dos Antônios das Mortes. Morte. E mais, Caetano, Gil, Américas utópicas. Na Bahia, o sonho acabou, o som mudou. Mas surgem outros sons, vivências, arembepes, no coração do Brasil. Ainda mais pra um Gato que está sempre na hora certa e no lugar certo com as pessoas certas. Um moleque do Brasil, que anda e pensa sempre com mais de um. Do Swing de Campo Grande para Vargem Grande, Jacarepaguá. Onde quer que eu ande, eu faço, eu traço. E viva a Bahia, mas a onda vem pro Rio. Na crista da onda. De onde? O comum, a vida em comum, partilhada, o sonho voltou, e Gato? Gato de onde? Aonde? Do Rio para São Paulo, o encontro dos baianos: Raulzito, ex-panteras e o novo Gato. Ouro de tolo: no garimpo, o início, o fim e o meio. Foras da lei em um outro Brasil. Como é ser roqueiro em Serra Pelada? A Amazônia é o jardim do quintal. E o dólar dele paga o nosso mingau. E num salto quântico, Fritz de Cat meets Feliz the Cat. Surge então um gato sério, com mais setes vidas. Cruzar o Atlântico, descobrir os porquês. Do Movimento Negro Unificado, consciência. Novas antigas lutas. Do teatro, do cinema, da música, para a tribuna. Grito. Sete Vidas Gato. A descoberta do rap, do reggae, ocupar o Anhangabaú com cultura negra. Com uma pasta nas mãos e um sonho na cabeça, a Bienal Afro-Brasileira. O sonho não acabou, é aqui, agora. E agora, Eu-Gato?
Por um Punhado de Boleros / Galeria do Amor
Beto, distante há mais de 10 de seu pai, um grande cantor de boleros, vai em busca de pistas do seu paradeiro. Entra em contato com figuras que o conheceram nas boates, nos cabarés, nas casas de espetáculo da época áurea do bolero.
Nesse percurso, ele reconstrói suas próprias memórias de, quando menino, acompanhava o pai na noite, e observava de longe os amores, as dores e os prazeres que ele cantava.
Revisitando esses lugares, no Rio e em São Paulo, Beto encontra pessoas que conviveram com ele na juventude e no fim da vida entre dramas e melodramas. Entre elas, uma mulher, ex-cantora, que teve um caso com o pai. Mas ela sofre de Alzheimer em estado avançado e pouco ou nada pode ajudar.
Persiste na busca e encontra com as mais diferentes e cativantes figuras do mundo da noite, dos botecos, da dor de cotovelo.
Ao final localiza seu pai em um hotel decadente da avenida São João, cuidado por uma antiga fã apaixonada. Poucos dias depois do encontro, Beto vivencia a morte do seu pai ao som do mais triste bolero.
Um ator-entrevistador, no papel de Beto, irá conduzir a busca, interagindo com artistas reais do meio musical das décadas de 1950 a 1970. Cada um deles irá indicar um bolero a ser encenado. Essas canções é que guiarão a busca de Beto. As entrevistas trarão histórias pessoais, reais, misturadas com elementos ficcionais, que apresentarão novas pistas da história do pai, por onde Beto deve seguir.
Assim sendo cada episódio terá como fio condutor e como trilha, um bolero.
A vida contada através dos boleros.